NO CENTRO DA POLITIZAÇÃO DA HIDROXICLOROQUINA, A OMS MOSTRA FRAGILIDADE TÉCNICA


O emprego da hidroxicloroquina no tratamento da COVID-19 é objeto de estudo de centros de pesquisas em diferentes países, com inúmeros estudos publicados em periódicos e também na forma de preprint como a exemplo no researchgate. Mais evidente e difundido do que os resultados destas pesquisas, é polarização política de sua administração no tratamento da COVID-19, que por sua vez pressiona os sistemas de saúde à um posicionamento, seja através de protocolos, bem como exige respostas da análise do conjunto destes estudos publicados.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), recentemente, havia divulgado nota suspendendo os estudos sobre o emprego da hidroxicloroquina no tratamento da COVID-19, com base em um artigo publicado na Revista The Lancet que considerava a administração do medicamento perigosa e ineficaz no tratamento da COVID-19. O estudo era de fato relevante por ser conduzido com uma massa de dados considerável, que hoje sabe-se são duvidosos ao passo que culminou na solicitação de cancelamento da publicação, pelos autores.

Normalmente, quando um artigo é contestável mesmo publicado com avaliação por pares, a contestação posterior será através de um outro artigo não necessariamente dos mesmos autores e revista. Afinal, a evolução dos conceitos e da compressão da natureza acontece muitas vezes, da contestação. O artigo cancelado tem um aspecto diferente, passa pela credibilidade dos dados.

O cancelamento da publicação e do seu valor enquanto colaboração no avanço do combate à COVID-19, embora que revele um cenário preocupante no que tange a credibilidade dos resultados de pesquisa, não causaria tanto impacto sem o fato da OMS a partir disso alterar seu posicionamento quanto ao uso da hidroxicloroquina para o tratamento da COVID-19. Mesmo que a OMS não tenha em suas competências conceder crédito à resultados de pesquisa, mostrou sua fragilidade técnica em creditar seu posicionamento em apenas um resultado de pesquisa.

O esperado no posicionamento da OMS, devido sua importância na crise causada pela pandemia, que expressasse o entendimento ponderado pelos resultados de diferentes centros de pesquisas, que se traduzisse num consenso com base na ciência.

O fato que um artigo fora capaz de mudar o seu posicionamento, aparenta que os critérios utilizados na avaliação da OMS foram de selecionarem apenas um resultado relevante, ou ponderaram apenas o número de dados o que revelaria que o artigo com maior conjunto de dados teria o maior peso em sua decisão. Contudo, a estratégia de analise baseada apenas nas dimensões do conjunto de dados pode ser contestada mediante um contexto em que há diferentes critérios e métodos de análises adotados entre as diversas pesquisas, que tratam desde amostras laboratoriais à populacionais.